Jornada RH Ágil: Prefácio

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Thiago Brant

Douglas McGregor – um economista e professor universitário estadunidense – escreveu, em 1960, o livro “The Human Side of Enterprise”, em que ele descreve sua Teoria X e Teoria Y sobre a visão que temos do ser humano. A Teoria X diz que “As pessoas são preguiçosas e desmotivadas e não querem assumir a responsabilidade”, enquanto a Teoria Y diz que “As pessoas querem ser o melhor que podem ser e contribuir para criar valor para os outros (e o farão se tiverem as condições certas)”.

Pia-Maria Thorén, fundadora da Agile People e que me apresentou a esse conteúdo fantástico, acrescenta: “Como vemos as pessoas afeta a forma como estruturamos nossos processos de gestão”.

Esses pensamentos me levaram a repensar tudo que venho presenciado nesses meus 14 anos de experiências com a Agilidade. Uma por perceber que o que hoje tanto defendemos e buscamos não é algo tão novo assim. Muito do que praticamos hoje já idealizado há muito tempo, mas agora conseguimos atingir a maturidade de olhar isso tudo de frente.

O outro ponto é entender, definitivamente, a ideia da Agilidade com foco em pessoas. O Management 3.0 traz como primeiro fundamento da Agilidade as pessoas (“Agile reconhece que as pessoas são indivíduos únicos em vez de recursos substituíveis e que seu maior valor não está em suas cabeças, mas em suas interações e colaborações. É disso que trata o Management 3.0.”). O Manifesto Ágil nos diz, em seu primeiro (e talvez mais importante) valor: “Indivíduos e interações, mais que processos e ferramentas”.

E mais recentemente me deparei com outra leitura da Agilidade, que também me foi apresentada pela Agile People: o Modern Agile, uma comunidade para pessoas interessadas em descobrir melhores maneiras de obter resultados impressionantes. Eles trazem os 4 princípios orientadores dos Métodos Ágeis modernos, adotados por empresas como Google, Amazon, AirBnB, Etsy:

  • Tornar as pessoas incríveis
  • Faça da segurança um pré-requisito
  • Experimente e aprenda rapidamente
  • Entregar valor continuamente

Curiosamente, todo esse Movimento Ágil nos levou a mover o cuidado com as pessoas, que antes era centralizado em uma área funcional central (o Recursos Humanos), para toda a organização, de forma descentralizada. Scrum Masters, Agile Coaches e outros papéis que surgiram no mundo Ágil se viram diante da forma de lidar com as pessoas. O RH passou a ser visto como um burocrata, gerando gargalo e morosidade na entrega Ágil. Ele não mais atendia ao delivery com a agilidade e adaptabilidade que era requerida.

O resultado é que o foco na entrega gerou realmente uma entrega de valor acelerada, com agilidade e otimizada. As empresas estão cada vez mais respondendo ao mercado e criando produtos inovadores (ou buscando arduamente atingir o estado de Business Agility).

E isso associado ao nosso mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo (que o colega Werther citou em seu prefácio como assunto presente na parte I desse livro) gerou um ritmo que muitas vezes não é acompanhado pelos profissionais. É gerador de muita ansiedade e que cada vez mais culmina em burnouts e outras consequências de nível físico e mental.

Esse cenário traz uma urgência em resgatar o verdadeiro e real papel do nosso bom e velho Recursos Humanos: cuidar de nossas pessoas.

Só ele tem a abrangência e competência necessárias para olhar para as necessidades mais básicas do ser humano e criar ambientes que as atenda. Só ele tem o interesse genuíno em desenvolver e ver crescer o potencial criativo de cada profissional, conectando a estratégia e o propósito da organização ao significado do trabalho de cada um.

O RH cuida de processos vitais ligados aos colaboradores, e também é vital para o desenvolvimento de lideranças em todos os níveis. Só ele tem o trânsito necessário para mudar, a partir de uma visão humanizada da organização.

E como as pessoas hoje são o centro de todo Mundo Ágil, é necessário colocar o RH em uma posição estratégica de destaque. Parafraseando a própria Pia-Maria, o RH está sentado no banco de trás por muito tempo, e é necessário que ele assuma a responsabilidade pela mudança.

Falar em RH Ágil é mais do que necessário, é imprescindível. Poder contar com um livro sobre o tema e dentro da estrutura da Jornada Colaborativa é uma oportunidade ímpar no momento em que vivemos.

Eu venho dedicando meus últimos movimentos profissionais em ajudar a levar cada vez mais a Agilidade para fora da área de Tecnologia da Informação (TI), e assumi a missão de ensinar tudo que aprendi nesta década e meia, para todos aqueles que querem abraçar esse movimento, e isso inclui o RH.

Motiva-me muito ver nascer um livro que une as mais incríveis práticas e visões da Agilidade em favor do nosso querido Recursos Humanos, ou como preferimos dizer hoje, a Área de People (Pessoas), os guardiões das nossas pessoas.

Eu espero que esse conteúdo sirva de inspiração e traga ferramentas e técnicas para você abraçar esse movimento com a gente.

Boa leitura! Vamos juntos mudar o mundo do trabalho!

Thiago Brant

Fundador da Agile People Brasil

Esse é o prefácio que eu escrevi para o livro “Jornada RH Ágil: Entenda como as Relações Humanizadas colaboram para construir times protagonistas e resultados de valor”, disponível na Amazon!

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